Este livro é para você.
Para você que acreditou num sonho e acordou num pesadelo.
Para você que cruzou oceanos em busca de liberdade e encontrou grilhões invisíveis.
Para você que foi chamada de “vadia”, “menina fácil”, “burra” — mas que, na verdade, era só uma mulher tentando sobreviver.
Para você que foi usada, vendida, esquecida, silenciada.
E que ainda assim, respira.
Eu escrevi cada linha com sangue e lágrimas.
Escrevi porque a dor precisa de voz.
Escrevi porque sei que há milhares de Liliths espalhadas pelo mundo, esperando um sinal de que não estão sozinhas.
Você não está sozinha.
O silêncio que nos impuseram não é eterno.
A vergonha que tentaram colar em nós não nos pertence.
A culpa, devolvemos a eles.
Este livro é nosso grito coletivo.
É um abrigo para as histórias que o mundo finge não ver.
É um farol para as que ainda estão presas, para as que conseguiram fugir, para as que já não estão mais aqui.
Se você chegou até aqui, eu te abraço.
Com cada pedaço do que sobrou de mim — e com tudo o que eu reconstruí depois.
E te peço:
Se puder, escreva também.
Mesmo que ninguém leia.
Mesmo que a voz trema.
Porque cada palavra nossa é uma rachadura no sistema que tentou nos apagar.
Eu sou Lilith.
E esta foi a minha última massagem.
Mas minha história está só começando.